segunda-feira, 10 de maio de 2010

Clássicos da Unidos da Tijuca


Clássicos da Unidos da Tijuca

Campeã do carnaval de 2010, a histórica agremiação do Borel tem um repertório de sambas de enredo da melhor qualidade, com destaque para a impressionante seqüência de grandes obras do início da década de 1980. Nossos escolhidos são os seguintes:

CASA GRANDE E SENZALA [1961] - "Quem dá mais, quem dá mais, negro é forte rapaz". Também conhecido como Leilão de escravos, esse samba de Mauro Afonso, Urgel de Castro e Cici entra em qualquer antologia sobre obras com temáticas ligadas à escravidão. Apresenta um tom bem mais crítico do que o Casa Grande e Senzala da Estação Primeira de Mangueira [1962].

MAGIA AFRICANA NO BRASIL E SEUS MISTÉRIOS [1975] - Esse samba de Jorge Machado passeia pelo universo dos orixás e caboclos com competência e recebeu o Estandarte de Ouro de melhor samba do Grupo 2. Tem ótimas soluções melódicas, com destaque para o trecho Salve Oxossi rei da mata/ Oxossi é caçador/ Salve Obaluaiê/ Xangô, Oxumare...

O MUNDO ENCANTADO DOS DEUSES AFRO-BRASILEIROS [1976] - Os deuses do samba estavam particularmente inspirados em 1976, assim como os autores desse samba: Milton de Luna, Selim do Leme e Si Menor. Poucas safras se comparam com a daquele ano. O enredo da Unidos da Tijuca é praticamente o mesmo do ano anterior; o samba, entretanto, é melhor. A despeito de um trecho tremendamente incorreto, em que Exu é chamado de Rei das Trevas, é um samba da melhor qualidade, com um refrão irresistível: Ina Ina Mojubá / Exu, Pomba Gira é / Ina Ina Mojubá / Exu pula na ponta do pé...

DELMIRO GOUVEIA [1980] - Grande momento da história dos desfiles. Desfilando com o dia claro, a escola do Borel foi campeã do Grupo de Acesso de forma inquestionável. O enredo, magnífico, conta a saga do pioneiro da industrialização brasileira. O samba [de Clomar, Adriano Adauto Magalha e Ronaldo] comoveu a avenida com a intensidade de seus versos, a seriedade da melodia e a interpretação de Nadinho da Ilha.

MACOBEBA - O QUE DÁ PRA RIR, DÁ PRA CHORAR [1981] - É talvez o maior samba da história da escola. Celso Trindade, Nêga, Azeitona, Ronaldo, Ivar, Buquinha e Edmundo Araújo acertaram a mão. O enredo é inspirado no livro Manuscrito Holandês, de M. Cavalcante Proença. O samba, sem nenhum favor, é bem melhor que o livro. O refrão intermediário [Tetaci, Tetaci / Agasalha com seu manto / Nosso herói Mitavaí] se destaca pela beleza do casamento entre letra e melodia.

LIMA BARRETO, MULATO, POBRE, MAS LIVRE [1982] - Inocente Barreto não sabia / Que o talento banhado pela cor / Não pisava o chão da Academia... Basta esse trecho para fazer do samba de Adriano um clássico imediato. Lima Barreto assinaria.

BRASIL, DEVAGAR COM O ANDOR QUE O SANTO É DE BARRO [1983] - Mais um clássico da maior seqüência de grandes sambas da escola do Borel: Bento que bento é o barro / Bento que bento é o frade / Na boca do forno / Sertanejo faz arte. Para muitos, esse samba de Djalma e Eli é o melhor da escola. De quebra ainda tem uma dos maiores achados poéticos da história do samba de enredo: A arte é frágil / Mas o homem é muito forte / Não se quebra, é verdadeiro / Porque Deus é brasileiro.

SALAMALEIKUM, A EPOPÉIA DOS INSUBMISSOS MALÊS [1984] - Grande enredo e grande samba, sobre os malês e a revolta de 1835. A definição mais sintética [e brilhante] da religiosidade complexa dos malês está nesse trecho do samba de Carlinhos Melodia, Jorge Moreira e Nogueirinha: De Alá receberam ensinamentos / De Olorum não se afastaram um só momento.

O DONO DA TERRA [1999] - Pedras preciosas / Quero me enfeitar/ Encantar a índia com o meu olhar / Só Tupã sabia / Que eu não podia me apaixonar... Um dos maiores sambas de temática indígena da história do carnaval. O citado refrão final, de melodia inusitada e solução poética belíssima, comoveu a Marquês de Sapucaí. Carlinhos Melodia, Vicente das Neves, Haroldo Pereira, Rono Maia e Alexandre Alegria assinam essa obra prima do carnaval carioca - Estandarte de Ouro do Grupo de Acesso.

AGUDÁS: OS QUE LEVARAM A ÁFRICA NO CORAÇÃO E TROUXERAM PARA O CORAÇÃO DA ÁFRICA, O BRASIL [2003] - Rono Maia, Jorge Melodia e Alexandre Alegria, assinam esse que é um dos últimos grandes sambas - Estandarte de Ouro do Grupo Especial - da história do carnaval carioca. A brilhante citação a Castro Alves é um dos pontos altos da obra: Na volta das espumas flutuantes / Mãe África receba seus leões


Fonte:
http://saideira.galeriadosamba.com.br/

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