domingo, 2 de maio de 2010

Unidos da Tijuca e Grande Rio

Rio de Janeiro, 02/05/2010 12:35
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Unidos da Tijuca e Grande Rio
Thatiana Pagung Thatiana Pagung 16/04/2010 23:49
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Após encontrar-me com meu querido amigo Jorge Mendes, colunista aqui do site, no evento Plumas & Paetês, no último sábado, e ele fazer-me um gesto indicando que tenho de escrever mais textos para a minha coluna, pensei: "Não posso me afastar tanto assim dos meus queridos internautas!" Por isso, voltei! Obrigada, Jorge, pelo empurrãozinho.

Bom, sei que carnaval se foi faz tempo, mas me permitam fazer minhas considerações sobre Grande Rio e Unidos da Tijuca (porque são as únicas com cujas posições concordo).

A segunda colocada, a Grande Rio das celebridades - fato que a torna, ante a opinião de muitos tradicionalistas, alvo de críticas -, está cada vez mais investindo em bons profissionais que vêm fazendo a diferença. Assim, a balança se equilibra, e o carnaval da escola começa a "aparecer" mais que alguns de seus foliões.

Cahê Rodrigues e sua equipe fizeram um carnaval lindo e nostálgico. Com o enredo "Das Arquibancadas ao Camarote nº 1, um Grande Rio de emoção, na Apoteose do seu Coração", que desde o início foi muito criticado, a agremiação emocionou ao desfilar de maneira glamourosa, leve e alegre, abordando os grandes momentos vividos no Sambódromo nos seus 25 anos existência.

Mestre Ciça, estreando na agremiação, fez o público delirar com sua coreografia e paradinhas.

Outra aquisição que se destacou foi Luiz Otávio Novello, mais conhecido como Tavinho, que é diretor de carnaval da escola. Com um trabalho seguro e competente, Tavinho faz uma reflexão sobre seu trabalho na Grande Rio: "Assim que cheguei ao barracão o primeiro trabalho foi fazer a reestruturação do chassi dos carros alegóricos, colocando a quantidade de eixos traseiros adequados, e em 3 alegorias devido ao peso fizemos o reforço de 2 eixos nas dianteiras, além de colocar caixa de geradores na traseira. Os ateliês também foram reestruturados, permitindo que a entrega das fantasias acontecesse 25 dias antes do carnaval. Na quadra ensaiamos exaustivamente com a comunidade, às terças e domingos, e com algumas alas, a harmonia ensaiava mais vezes isoladamente. Os ensaios técnicos possibilitaram colocar em prática ideias, como por exemplo, a bateria entrar de frente no recuo. Tudo com consenso do mestre Ciça, da diretoria e presidência da escola, porque trabalhamos em equipe. Eu respeito muito e admiro Milton Peracio, que está comigo na direção de carnaval da escola, não deixando de citar minha admiração pelo presidente Helinho de Oliveira, meu patrono Leandrinho Soares e meu presidente de honra Jayder Soares, que foram pessoas que me deram apoio para exercer minhas funções."

Pois é, se a Grande Rio não encontrasse a Unidos da Tijuca pela frente, para mim seria a campeã. E eu vi o homem voar! Não no desfile oficial, mas vi no sábado das campeãs. Parabéns, tricolor de Caxias.

Sobre a Unidos da Tijuca, campeã do carnaval, permitam-me, internautas, um trocadilho: não é segredo que eu sou fã de seu carnavalesco, sobre quem escrevi em minha coluna de 2008: Leia aqui

Paulo Barros já entendeu que permanecer na era "Joaozinho 30" não dá mais, ou seja, ir para avenida só com gigantismo e luxuosidade faz os olhos brilharem; mas, para disparar o coração e desentalar aquela expressão da garganta de "Oh!", precisa-se de algo a mais, é preciso surpreender.

Não é à toa que o considero o nosso "Production Designer" do carnaval. No cinema, o production designer é o profissional que trabalha com direção de arte e efeitos especiais, fazendo os cenários e a magia por trás deles, conseguindo ser real e/ou imaginário. Nosso artista em questão alia a técnica dos palcos de teatro e do cinema à técnica do carnaval. Desse equilíbrio nasceu a fórmula perfeita para o sucesso do desfile, do início ao fim, não apenas na comissão de frente, como muitos disseram, o que é um absurdo.

A beleza e a magia da comissão de frente causaram o impacto inicial, mas o enredo foi bem delineado e emocionante até o fim. Até os empurradores das alegorias vieram fantasiados, tudo estava dentro do enredo.

Muitas pessoas questionam as alegorias meio cenários, foliões interpretando; mas por que não tudo isso com samba no pé, plumas e paetês? Todos os novos elementos apenas somam e quem ganha é o próprio carnaval, que cresce cada vez mais e tem o poder de se recriar a cada ano.

A Unidos da Tijuca ganhou sim ao equilibrar o belo do tradicional a emoção da magia teatral e cinematográfica. Ganhou por ser profissional. Ganhou por saber explorar um quesito importante, e pouco defendido pelas escolas: criatividade.
Parabéns, Unidos da Tijuca.

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